ABRUPTO

10.12.12


VINGANÇA 

Eu sei bem o peso semântico de uma palavra como vingança, mas não posso escapar-lhe. Quando lemos e ouvimos o actual discurso do poder, em toda a sua extensão, do primeiro-ministro, da maioria dos governantes (nem todos), do establishment do poder aos blogues serventuários, à escrita e ao comentário de bajulação e de legitimação, percebe-se um tom revanchista que transpira por todo o lado. Pode ser a pretexto de Sócrates, do PS, dos grevistas, dos estivadores, dos funcionários públicos, do Estado, dos que querem continuar “como dantes”, dos que “tem direitos a mais”, dos que querem esconder-se atrás do “escudo de uma Constituição obsoleta”, dos que não querem sair da sua “zona de conforto”, mas é na verdade sobre Portugal e os portugueses que se usa esse tom. Os portugueses têm de mudar de vida pela pobreza e pela virtude, pelas ideias simples e rudimentares de quem nunca passou de vagas e ignorantes noções obtidas pelas modas nos media e nos blogues, alicerçada depois pela vaidade das companhias “certas” dos grandes do mundo. Por isso, o espírito de vingança está lá, contra os portugueses que apanharam todos no maior charter do mundo e foram ao México passar férias em Acapulco, andar de sombrero, ouvir mariachis e beber tequila e por isso devem ser agora punidos colectivamente por um retorno à pobreza purificadora.

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© José Pacheco Pereira
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