ABRUPTO

7.3.14


   
POR QUE RAZÃO O “GRAVIDADE” É CONSIDERADO UM BOM FILME?


Sou um velho amador de ficção científica e por isso boa testemunha de como as novas técnicas de efeitos especiais no cinema revolucionaram os filmes da especialidade. Elas, por si só, permitiram uma dimensão ficcional difícil de imaginar quando dos primeiros filmes com este tipo de temas. Mais: estão no âmago do cinema de ficção cientifica desde o “tiro na Lua” de Méliès, a partir de Júlio Verne. Mas não chegam, até porque se não houver outra coisa qualquer rapidamente os filmes ficam ultrapassados, porque novas técnicas surgem todos os dias. Filmes como o 2001 Odisseia no Espaço de Kubrick estão vivos não por causa dos efeitos especiais, mas porque tinham personagens como o computador Hal 9000, cuja “morte” é uma das melhores cenas do cinema de sempre. 

Vem isto a propósito do muito aclamado Gravidade de Alfonso Cuarón* que tem de facto bons efeitos especiais, sem por isso serem muito inovadores. Representam o state of the art entre o IMAX e a animação digitalizada, mas não chegam para merecer a aclamação que tem tido e os Óscares que recebeu. A “história” é miserável e sem imaginação, a milhas de muitos outros filmes de ficção cientifica, e a representação é boa, mas não é excepcional, até porque o filme não “puxa”. Estou certo que, depois de se esquecer a chuva destruidora de meteoritos, com muito bang sonoro e 3D visual, será rapidamente esquecido.

* Por erro meu no original da Sábado foi referido James Cameron como o realizador.

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© José Pacheco Pereira
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