ABRUPTO

17.7.13


O NAVIO FANTASMA (16)

É surpreendente a facilidade com que uma classificação, que não é mais do que uma classificação, traduzindo interpretações de quem a usou originalmente, implicando intenções políticas que são, como todas em democracia, de uma "parte", logo longe de serem ou deverem ser  incontestáveis, se torna a coisa em si. É o caso da classificação das actuais conversações, pactos, entendimentos acordos, seja lá o que for e o que der, como sendo de "salvação nacional".  

Este tipo de classificações são meta-políticas em democracia, prendem mais do que libertam, impedem a discussão, impõem caminhos únicos e estiolam o espaço público. O país pode de facto precisar de um acto de emergência, de uma aliança excepcional, de entendimentos sem precedentes, de uma diferente exigência temporal nos acordos entre partidos, mas não pode ser encerrado num acto de "salvação nacional" que, por assim se classificar, se coloca à margem do debate e do escrutínio democrático. Na realidade, o verdadeiro objectivo deste processo é minimizar o papel das eleições no processo democrático, colocando os portugueses e a soberania do voto popular sob a tutela de acordos  que, ao usarem a grandiloquente expressão de "salvação nacional", diminuem a democracia. Na verdade, quem é que pode estar contra a "salvação nacional"?

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© José Pacheco Pereira
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