ABRUPTO

9.7.12


DÉFICE E LEGITIMIDADE 


Há um falhanço único que o governo não pode ter: o do défice. Pode errar em tudo, que o cerne da legitimidade do seu discurso permanece intocável, mas não pode falhar na chamada “meta do défice”. Porque se isso acontece, tudo o resto soçobra falho da legitimação que o cumprimento do objectivo essencial do programa da troika implica. E se isso acontecer, e há indicações de que possa acontecer, não há explicação exterior que sirva, porque o défice não é o mesmo que a possibilidade de regressar aos mercados. Essa pode falhar, que é legítimo dizer-se que os juros que o mercado exige se devem á conjuntura internacional. Já não recolher os impostos previstos por causa da recessão, ou ter um crescimento exponencial das despesas da segurança social devido ao desemprego, já são consequências do modelo escolhido para controlar o défice. São nacionais, são resultado de políticas nacionais, que não adianta dizer que nos foram “impostas” depois de Passos Coelho dizer que elas eram o seu “programa” que assumia pelo mérito, sem ambiguidades, e falando a sério. Aí o programa da troika deixou de ser da troika para ser dele e do governo. E é essa opção de fundo que só se legitima se o défice for controlado. 

Legalmente, claro.

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© José Pacheco Pereira
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