ABRUPTO

17.2.07


ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

Freguesia de Penhas Juntas, Concelho de Vinhais, Distrito Bragança.

(Ovidio Linhas)

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ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

Freguesia de Penhas Juntas, Concelho de Vinhais, Distrito Bragança.

(Ovidio Linhas)

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EARLY MORNING BLOGS

969 - Paradise Lost Book 5: An Epitome

Higgledy piggeldy
Archangel Rafael,
Speaking of Satan's re-
Bellion from God:

"Chap was decidedly
Turgiversational,
Given to lewdness and
Rodomontade."

(Anthony Hecht)

*

Bom dia!

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16.2.07


NATUREZA MORTA

À esquerda uma pilha de papéis e livros. Oscar Masotta, Revolución en el Arte e uma edição conjunta da Gulbenkian e da Biblioteca Nacional Francesa sobre livros arménios. Na capa, um grifo antropomórfico. Em cima, um cartucho com um busto de Pombal, oferta do município de Pombal, ainda por desembrulhar. Parecia uma coisa de comer no seu embrulho. Um DVD, instruções para uma câmara de segurança, trinta e cinco folhas com um esboço da biografia de F.M.R., uma pen, um teclado que não está em uso. Um copo de estanho com lápis, um de um Four Seasons qualquer e outro de um Sofitel também qualquer, canetas, um desandador, duas facas de papel, uma com o formato de uma espada, um moleskine meio usado, um postal com o D. Quixote, uma caixa de pastilhas Valda, uma lupa, um disco duro vertical de 400 GB, backup de um backup de um backup. Um agrafador. Duas mãos, um rato à direita que diz Microsoft. O mesmo tapete de sempre que veio do Nagorno-Karabak, uma pilha de números antigos da Seara Nova.

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ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

(José Manuel Fernandes)

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COISAS DA SÁBADO - AUTOFAGIA: JUÍZES A FALAR DEMAIS

Ou é impressão minha ou os juízes, andam a falar demais? É evidente que os juízes são cidadãos como outros quaisquer, mas haver juízes a criticar decisões de outros juízes em público, em processos que ainda estão em aberto, a não ser em casos de interesse público relevante, quase de crise das instituições, de ameaça à democracia, de obrigação moral excepcional, não me parece que tenha outro efeito senão dissolver a autoridade dos próprios juízes face aos cidadãos que deles esperam distância, prudência, sensatez e alguma reserva. A reserva do poder.

Dito isto, não tenho qualquer dúvida que não vale a pena dizê-lo. A mediatização da vida toda não parará à porta dos tribunais nem da cabeça dos juízes. Eles querem, como toda a gente, participar na grande cacofonia universal e tornar-se como os outros. A ilusão está em que, tornando-se como os outros, pensam que poderão manter o estatuto e os poderes que hoje têm. Estão enganados, mas ninguém os vai convencer disso, porque também eles querem ser “protagonistas”.

*
Permite que lhe observe que, a propósito de "É evidente que os juízes são cidadãos como outros quaisquer ... ", juíz é um cargo (ou orgão de soberania) e não um cidadão. Creio que será deste "erro de paralaxe" que emanam todos os "protagonismos" que a sua entrada no blog tão bem descreve. Quando os cidadãos, que ocupam os respectivos cargos de juízes, se relembrarem da sua condição, a protagonista será a Justiça.

(Luís Casanova)

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ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR


(José Manuel Fernandes)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 16 de Fevereiro de 2007



Há alturas em que se percebe muito bem por que razão a Igreja sobrevive no tempo. A análise que a Conferência Episcopal Portuguesa faz dos resultados do referendo é um excelente exemplo de ponderação e de atenção à realidade e à mudança. Contrariamente ao que faz toda uma escola de ressentidos do "não", muito representada nos blogues "de direita", a Igreja afirma haver significativas mudanças de mentalidade na sociedade portuguesa, identifica essas mudanças pela maior importância dada à autonomia individual (não usa este termo, mas quase), dá importância ao resultado, tenta compreender o "sim" sem anátemas nem minimizações. É por isso que vai continuar a ter um papel decisivo, diferente do passado, mas fundamental.

*
Concordo inteiramente com a sua opinião sobre a Conferência Episcopal Portuguesa, onde esta constata, a propósito do referendo, a mutação cultural existente. Aliás, não é nova: por exemplo, a Nota Pastoral de 2001 "Crise de Sociedade, Crise de Civilização" diz a abrir: "Tem-se verificado, na sociedade portuguesa, um conjunto de factos e de fenómenos que consideramos sintomas preocupantes de uma alteração cultural que anuncia uma crise de civilização. Sem excluir as tomadas de posição pontuais, ao ritmo dos acontecimentos, para esclarecer a consciência dos fiéis, queremos, com esta Nota Pastoral, alertar para um quadro civilizacional de valores culturais que possa constituir o pano de fundo a proporcionar aos católicos e a toda a sociedade um juízo dos factos e das situações, na perspectiva da doutrina da Igreja sobre a pessoa humana e sobre a sociedade." E a Carta Pastoral "Responsabilidade Solidária pelo Bem Comum" enumera os chamados "pecados sociais da nossa sociedade" (No. 4 ), tais como "egoísmos, consumismo, corrupção, desarmonia do sistema fiscal, irresponsabilidade na estrada, exagerada comercialização do fenómeno desportivo, exclusão social", e uma opinião quanto às suas origens (No. 5).

(Américo Carlos Tavares)
*

Eu sei que Portugal não é o Japão, mas não seria suposto que os responsáveis pela empresa pública que gere os comboios portugueses se deslocassem ao Tua, nem que seja para expressar solidariedade com as vítimas que são da casa, os trabalhadores que morreram, já para não falar das outras?

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15.2.07


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 15 de Fevereiro de 2007


A indiferença da opinião pública e publicada (a começar pela portuguesa) face ao julgamento de Madrid dos acusados do 11 de Março, revela bem a atitude de avestruz generalizada pela Europa em relação ao terrorismo fundamentalista islâmico. É num tribunal de Madrid, não em Washington, Nova Iorque ou Bagdad; não são os sempre suspeitos americanos a julgar; não são detidos de Guantanamo num "voo da CIA"; mas juízes espanhóis na vigência do Sr. Zapatero e, no entanto, ninguém liga nenhuma. Nem um átomo de indignação, nem uma atenção, nem uma curiosidade em saber como foi, com quem foi, porque foi. Já para não falar de algumas lições que se podem tirar sobre quem são os alvos dos terroristas: nós.
Discordo de que os julgamentos de Madrid não tenham tido a atenção justa da comunicação social face à gravidade do caso. A diferença é que, neste caso, se trata da democracia e do estado de direito a funcionarem, e isso por si só não é notícia. Não aconteceram detenções ilegais, tortura de prisioneiros ou longos aprisionamentos de suspeitos em campos de concentração, sem culpa formada. Esperemos pois pelo resultado do julgamento, como é normal numa democracia normal.

(João Paulo Telo)



*

O acesso dos lóbis aos deputados é a coisa mais normal do mundo na maioria dos parlamentos europeus, a começar pelo propriamento dito Parlamento Europeu. É uma prática típica das democracias, entendendo-se que, se os deputados decidem sobre interesses contraditórios, as partes interessadas podem fazer todo o trabalho de esclarecimento e propaganda necessário junto dos decisores, chamando-lhes a atenção para as vantagens e inconvenientes da sua decisão, em função dos clientes que representam. O Estado Português e as suas instituições contratam habitualmente empresas desta natureza nos EUA, quer para questões de natureza económica, quer para questões de natureza política (Timor, por exemplo).

Como, em democracia, a mediação de interesses contraditórios é absolutamente normal, prefiro que ela se faça às claras do que às escondidas ou através da comunicação social de forma impossível de identificar por quem lê uma notícia de "agência". Só não percebo a razão de o alvo serem os deputados: estes não têm poder nenhum e dependem das direcções partidárias (sobre essas sim o lóbi tem sentido, como sobre os gabinetes ministeriais), mas se as agências querem gastar dinheiro inutilmente, façam favor.

*


Panfleto posto a circular em Felgueiras apela a manifestações pacíficas a favor da autarca Numa amável conversa com um amigo meu jornalista, falávamos do panfleto que foi distribuído em Felgueiras apelando a manifestações à porta do Tribunal e cuja autoria foi veementemente negada pelo advogado da autarca, que o classificou de " uma velhacaria inqualificável". A primeira pergunta que me vinha à cabeça se fosse jornalista, dizia ao meu amigo, era perguntar ao advogado ou a Fátima Felgueiras se iam fazer queixa à polícia pela usurpação da assinatura e pela falsificação, o que seria normal face à "velhacaria". Depois, seria interessante saber de onde vinha o panfleto e a polícia não teria dificuldade em sabê-lo, tendo em conta a amplitude da sua distribuição. E acrescentei, "mas se calhar os jornalistas não se lembram de perguntar", ao que ele me disse "perguntam de certeza". Não li, ouvi ou vi, tudo que a comunicação social narrou sobre o julgamento, mas alguém me pode dizer se a pergunta foi efectivamente feita? É que é tudo tão óbvio.
Na TSF Online, li algo que sugere vagamente que Artur Marques tenha sido questionado sobre se pretende tomar alguma medida em relação à distribuição do panfleto (o itálico é meu): "O advogado, que não saber quem está por detrás deste documento, aproveitou para apelar a todos os felgueirenses «para que não dêem ouvidos ao que é feito através desta notícia e que se mantenham serenos»."

(Pedro Gomes)

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ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

Povoação de Aveleira, no topo de uma serra com o mesmo nome, a 535 metros de altitude, no concelho de Penacova, numa foto que obtive hoje.

(António Luís)

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BIBLIOFILIA: ANOS SESSENTA NOS EUA

Prairie Radical A Journey Through the Sixties Revolution in the Air. Sixties Radicals Turn to Lenin, Mao and Che

Robert Pardun, Prairie Radical:: A Journey Through the Sixties, Los Gatos, Shire Press, 2001.

Max Elbaum, Revolution in the Air: Sixties Radicals Turn to Lenin, Mao and Che, London/New York, Verso, 2002.

David Gilbert, SDS/WUO, Students For A Democratic Society And The Weather Underground Organization, Arm the Spirit, s.d.

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INTENDÊNCIA


Foram feitos pequenos arranjos no Abrupto, resultado ainda da migração para o novo Blogger. Os arquivos foram recolocados em linha, com a colaboração de alguns leitores (saliento a ajuda de Daniel Marques, entre outros), e foi corrigido um erro na datação de uma nota para 1990 (erro do Blogger). Subsiste a falta de muitas imagens no arquivo, resultado do modo como o Blogger tentou erradicar o falso Abrupto o ano passado, mas pouco a pouco serão repostas.

A chegar aos seis milhões de pageviews e aos quatro milhões e meio de visitas, o Abrupto continua de boa saúde e recomenda-se. Aos seus leitores o deve.

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: AVISOS DE RECEPÇÃO


Fui alertado para isto por um jovem autor. Leia, por favor, este regulamento (está disponível, na íntegra, em PDF no site da FNAC.pt:

PRÉMIO LITERÁRIO FNAC/TEOREMA 2007
Regulamento
1 - Âmbito e aplicação
Ao Prémio Literário FNAC/Teorema 2007 podem concorrer todas as obras inéditas de autores que não possuam qualquer obra de ficção publicada, seja romance ou colectânea de contos.
2 - Formato dos trabalhos
Cada trabalho deve ter entre 150 e 200 páginas em formato A4, 1800 caracteres por página, impressas a duplo espaço entre linhas e encadernadas. Devem ser entregues 5 exemplares do manuscrito, acompanhados do nome e contacto telefónico e, se possível, electrónico (não são aceites pseudónimos).
3 - Prémio
O prémio consiste na publicação da obra vencedora pela Editorial Teorema, reservando-se, no entanto, o direito de o mesmo não ser atribuído, caso se conclua não existir o nível de qualidade mínima exigido pelo júri. O premiado aceita como condição a celebração de um contrato de utilização da obra nos termos do artigo 41o do Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos.
4 - Entrega dos textos
Os trabalhos devem ser enviados com aviso de recepção para a seguinte morada: Prémio Literário FNAC/Teorema Acção Cultural Fnac Amoreiras Plaza R. Prof. Carlos Alberto Mota Pinto, 9 1070-374 Lisboa
Prazo limite para recepção dos trabalhos: dia 15 de Fevereiro de 2007.
5 - Composição do júri
O júri é composto por 5 elementos:
Nuno Júdice, poeta e professor universitário
Rui Zink, escritor e professor universitário
Isabel Coutinho, crítica literária
Dóris Graça Dias, crítica literária
Carlos da Veiga Ferreira, editorial Teorema
(etc., etc., etc.) (os "bold" são meus)

Vamos, então, imaginar um jovem autor que concorre: trabalhou o seu livro até à exaustão. Dirige-se com um mínimo de 150 páginas A4 à loja das fotocópias para mandar fazer 5 cópias encadernadas. Gasta perto de 100 € e sai de lá com 750 folhas A4. Dirige-se ao posto dos Correios para enviar REGISTADO COM AVISO DE RECEPÇÃO. O funcionário dos CTT responde-lhe, paulatinamente, que isso é impossível: registos com aviso de recepção só até 2 Kg. Estão ali mais de 5 Kg de papel. O nosso jovem autor fica na dúvida. Enviar sem aviso de recepção é atropelar o regulamento. Das duas uma: ou volta para casa com 750 folhas de A4 ou envia registado por EMS (cerca de mais 100 €).

O clima surrealista adensa-se: o nosso jovem autor liga para a FNAC, esgotando praticamente o saldo do seu telemóvel. A menina arrogante que o atende diz que a FNAC não aceita o envio de manuscritos por EMS. Aconselha os jovens autores a enviarem os seus manuscritos repartidos por 5 envelopes. Isto, se cada manuscrito tiver 150 páginas e, portanto, com a encadernação não ultrapassar os 2 Kg. Mas se o manuscrito tiver 200 páginas ultrapassa os 2 Kg. e aí já ninguém sabe o que fazer. O jovem autor expedito com um manuscrito de 200 páginas fará um último, derradeiro e desesperado telefonema para a FNAC perguntando se pode enviar a sua obra dividida por capítulos. Ou terá que a imprimir em papel de bíblia?

Coragem, portugueses. Só vos faltam as qualidades.

(Paiva Raposo)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
QUE FAÇO EU COM OS MEUS CARTÕES?


Eu, se tivesse oportunidade, gostaria de aproveitar o entusiasmo de José Sócrates com o lançamento do novo Cartão de Cidadão para lhe perguntar se ele conhece alguém que me diga o que sucedeu aos cartões Net-Post e Portamoedas-Multibanco de que tenho vários exemplares.

Todos eles ainda têm algum saldo de que não consigo ver-me livre; por isso, para comemorar o lançamento deste novo cartão, ofereço-os com muito gosto à primeira pessoa que me indicar uma maquineta de venda de selos ou um quiosque Net-Post... que funcione.

(C. Medina Ribeiro)

*
O texto do seu interessante leitor Medina Ribeiro trouxe-me à memória o Porta-moedas Multibanco. Ainda de me lembro do slogan da campanha de lançamento em 1994: «Passe um grande Verão sem um tostão!». Obtive um desses cartões e achei que era muito prático, mas em conversa com os comerciantes apercebi-me de que havia um problema: estes tinham que depositar no banco pelo menos uma vez por semana os pagamento que recebiam. Como era um novo meio de pagamento, os utentes ainda eram poucos e os pequenos comerciantes sentiam que o depósito semanal não compensava o trabalho envolvido. Já agora, para quem não saiba, o
Porta-moedas Multibanco já não está a uso.

Quanto ao facto de Medina Ribeiro ainda ter vários exemplares, sugiro que faça como eu: devolva-os ao banco. Fiz isso e, ao fim de algumas semanas, o respectivo saldo foi-me depositado na conta.

(José Carlos Santos)

*

Como achega à abordagem aqui feita a propósito dos "flops" dos cartões «Porta-moedas Multibanco» e «Net-Post», gostaria de esclarecer que a sugestão dada pelo leitor José Carlos Santos (devolvê-los aos bancos) só é válida para os primeiros, dado que os outros foram emitidos pelos Correios.
Por sinal, numa altura em que tanto se fala em reciclagem, não seria mau que os CTT retirassem as inúmeras maquinetas Net-Post que ainda decoram as suas estações pois, não funcionado uma única (que eu saiba), são um confrangedor monumento à incúria e à incompetência, além de uma mostra eloquente de como, demasiadas vezes, é gasto o nosso dinheiro.

(Eduardo Rivera)

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EARLY MORNING BLOGS

968 - Tout le parfait dont le ciel nous honore

Tout le parfait dont le ciel nous honore,
Tout l'imparfait qui naît dessous les cieux,
Tout ce qui paît nos esprits et nos yeux,
Et tout cela qui nos plaisirs dévore :

Tout le malheur qui notre âge dédore,
Tout le bonheur des siècles les plus vieux,
Rome du temps de ses premiers aïeux
Le tenait clos, ainsi qu'une Pandore.

Mais le destin, débrouillant ce chaos,
Où tout le bien et le mal fut enclos,
A fait depuis que les vertus divines

Volant au ciel ont laissé les péchés,
Qui jusqu'ici se sont tenus cachés
Sous les monceaux de ces vieilles ruines.

(Joachim du Bellay)

*

Bom dia!

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14.2.07


ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

Cais de Gaia.

(Sérgio Ferreira)

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13.2.07


INTENDÊNCIA

Que não é intendência: muito obrigado pelas muitas e muitas mensagens enviadas na noite do referendo e que não puderam ser publicadas. Apesar da rapidez da noite do referendo, o Abrupto atingiu cerca de sete mil visitas e dez mil pageviews, pelo contador mais conservador.

O correio continua com o problema crónico de não ser respondido a tempo e, nalguns casos, nunca ser respondido, o que é uma má educação da minha parte que só tem desculpa por ser muito, algumas mensagens exigindo uma resposta detalhada. Seja como for é todo lido e tido em consideração, sem excepção.

Algum correio vai sem razão alguma para a junk mail do Outlook onde o recupero muitas vezes só uma semana depois. O Outlook do Office 2007 continua a ser o programa com maiores problemas na migraçaõ para a última versão, embora tenha observado alguma ligeira corrupção de dados no Access (deslocação do conteúdo de entradas de umas para as outras numa tabela), o que é muito mais preocupante e nunca aconteceu nas versões anteriores.

A maioria das últimas notas publicadas foram actualizadas com contribuições dos leitores do Abrupto, pelo que não vale a pena estar a nomeá-las uma a uma.

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ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

Foz do Douro. (Clicar para aumentar)

(Gil Coelho)

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TEMORES DO TREMOR


No dia 1 de Janeiro de 1980, às 15H40, eu descia a Rua da Miragaia, junto ao convento das Mónicas, em Angra do Heroísmo, Terceira, quando a terra tremeu a sério durante escassos segundos (grau 7). Morreram algumas dezenas de pessoas, poucas por sorte para o tamanho da catástrofe disseram os entendidos e foi verdade. Por grande sorte escapei. Sente-se o momento e este é muito estranho. Vi morrer algumas pessoas e a destruição foi o que se viu. A violência e o espectáculo são indescritíveis. O cérebro não tem tempo de ordenar ideias por muito que se tenha lido ou frequentado palestras. Cada um reage aleatoriamente sem se dar conta: correr para a morte, imobilizar e morrer ou simplesmente fazer o mesmo e escapar. Quando a terra resolve parar e os últimos edifícios caem este é que pode ser um grande momento de actuação. Se tudo estiver bem ensaiado e preparado podem salvar-se muitas vidas. Todos os minutos contam, porque as réplicas podem ser fatais e do mar tudo pode acontecer e ainda há vidas presas por um fio. Não quero assustar ninguém mas parece-me ridículo “os conjuntos de medidas em estudo”, comissões disto e daquilo e declarações do tipo “a situação está sob controlo”. Tenho pena que este assunto (a resposta organizada, Nacional, participada e discutida a uma catástrofe) não tenha feito parte da bandeira eleitoral e empenhamento deste (partido) governo. Talvez porque este Fado renda pouco para já. Salve-se quem puder!

(Sérgio)

*

Não sabia o que fazer com esta informação e resolvi que este cesto era bom para a largar. Vivo no Algarve e hoje de manhã senti bem, foi mesmo bem de mais para o meu gosto, o tremor de terra. Comecei imediatamente à procura de informação. O site do INMG estava KO, como é habitual, e nas notícias ainda não havia nada. A primeira informação que encontrei foi no site acima. Na altura, quando lá cheguei, já tinham 3 ou 4 relatórios – feitos por visitantes do site e que estavam na área abrangida. Deixei mais um. Voltei novamente a esse site para tentar ver se havia mais informação. E foi agora que fiquei pasmada. Este tremor de terra, neste site, tem mais de 900 relatórios. Fiquei intrigada e fui meter um olho nos arquivos. Corri alguns e não encontro em mais lado nenhum, fora dos EUA, números sequer parecidos com este. E estamos a falar, também, de Canadá e Japão. Só nos Estados Unidos, e para alguns sismos, há um número tão elevado de relatórios.


Que se passa connosco? Será que estamos mesmo todos ligados à net? Tanta informação enviada e partilhada? E logo hoje que com resultados de referendo tínhamos já muito para comentar por aqui? Pode ser normal mas que estou de boca aberta estou.

Já agora. Tenho alguns tremores de terra no meu curriculum mas hoje, acho que já disse isto, assustei-me mesmo. Talvez por isso tenha reparado que no dia de hoje já foram registados em todo o mundo, até esta hora, 3 tremores de terra com amplitude superior a 5. Também não é normal…

(Teresa)

*

Sentado em local onde, com grande ampliação, poderia ver o do epicentro, senti claramente o tremor… 1 minuto depois, ligou-me o meu filho, que estava em casa a dormir… viajando pelos meios da web, vi a primeira notícia, com pormenores e desenvolvimento, menos de 10 minutos depois… no El Pais… cada semana que passa me convenço que a melhor informação sobre os nossos assuntos domésticos, incluindo portos e economia, só pode ser lida em castelhano…

(Manuel Piteira)

*

Ontem de manhã tive uma experiência que me faz pensar que a história do sismo não está completamente esclarecida. Vivo em Amarante. Por volta das 8,30h, estava sentado na beira da cama a calçar os sapatos, senti um abanão, e ocorreu-me de imediato que era um sismo.
Quando, ao fim da manhã, percebi que o sismo foi registado às 10,30h, fiquei confundido.
Até agora, não encontrei referência ao abanão das 8,30h.
Posso estar enganado desta vez, mas de todas as outras vezes que se sentiram pequenos sismos aqui no norte, eu senti-os.
Não haverá registos de um abalo cerca das 8,30h de ontem?
Não pode um qualquer episódio tectónico às 8,30h, algures a norte, ter desencadeado repercussões que originaram o sismo a sul às 10,30h?
A verificar-se, terá certamente algum interesse científico - e também interesse informativo: temos o direito de saber o que se passa debaixo dos nossos pés.

(Joaquim Jordão)

*

A “queda” do site do INMG parace-me que aconteceu devido a avalanche de acessos num periodo limitado do tempo, ou seja,o seu servidor não está preparado para milhares de tentativas de acesso num espaço de tempo muito curto.

(A Toscano )

*

No noticiário das 20h da TSF ouvi a Directora Municipal da Protecçáo Civil da C.M. de Lisboa aconselhar para algumas medidas em caso de sismo, mas fiquei estupefacto quando apelou para que as pessoas se enfiem debaixo de mesas, de camas altas e de vãos de portas. Ora, eu também ouvi essa história na escola primária, mas hoje ninguém especializado na área de salvamentos de catástrofes sísmicas aconselha esse procedimento, pela simples razão de que as pernas das mesas e das camas que temos em casa não aguentam a queda do tecto e o resultado é uma armadilha onde se fica espalmado.

Sei que há controvérsia acerca das teorias de Douglas Copp (incluíndo a Cruz Vermelha Americana que contesta certos aspectos das mesmas), mas poucos contestam a vertente do chamado "triângulo da vida", que mais não é do que ficarmos ao lado de algo bem resistente (um sofá, um móvel de cozinha ou a cama - ao lado e nunca debaixo!) que impeça o esmagamento provocado pela queda do tecto.

(Nuno Baptista)

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EARLY MORNING BLOGS

967 -... a regular brute of a Bee!


There was an Old Man in a tree,
Who was horribly bored by a Bee;
When they said, 'Does it buzz?'
He replied, 'Yes, it does!'
'It's a regular brute of a Bee!'

(Edward Lear)

*

Bom dia!

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12.2.07


ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

Mourísia na Serra do Açor, concelho de Arganil.

(António Pereira Lopes Pedro)

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INTENDÊNCIA


Na penúltima nota, estão em actualização os testemunhos do terramoto. Como há um factor subjectivo (como foi sentido o abalo) na classificação dos tremores de terra, os testemunhos são úteis.

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ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

Olhando do epicentro do sismo para a costa, via-se isto. Com os olhos do Superhomem, claro.

(MJ)

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COMO SE RESPONDE A UMA NOTÍCIA INESPERADA QUE PODIA TAMBÉM SER UMA CATÁSTROFE

O Instituto de Meteorologia continua em baixo e inacessível. Não se compreende que a instituição a que primeiro se deve aceder para obter informações nos momentos críticos (bem pouco críticos felizmente neste caso) , nada funciona.

Nota: esta ligação funciona, embora com a informação reduzida.

*

E algo de inconcebivel, a letargia dos media televisivos no que diz respeito ao acompanhamento do sismo desta manha. Quando ligo a TV a primeira coisa que faço e acompanhar os canais noticiosos (RTPN e SIC Noticias). Entretanto recebo um telefonema de um familiar do Algarve a relatar o sucedido. Penso: "O que? e a televisao nao diz nada?" Curiosamente, fui de imediato ao mesmo site que visitou, o do US Geological Survey, para depois verificar que o site do INMG estava em baixo. Entretanto, na SIC Noticias nada e na RTPN o assunto tem direito a uma nota de rodape. (Ah, entretanto, ao mudar para a SIC generalista, ouço a primeira referencia explicita ao assunto atraves da Fatima Lopes e o Senhor Ventriloquo). E absolutamente absurdo, ridiculo, quase ultrajante, este desleixo, enquanto asuntos como o internamento de uma vedeta de telenovela ou o arresto de bens de um ou outro dirigente de futebol tem direito a interrupçao de emissoes e directos a porta das casas. Talvez mais grave do que os canais noticiosos, que se limitam ao cabo, a omissao do serviço publico de televisao que, perdoe-me se estiver enganado (nao acompanhei a "Praça da Alegria" na totalidade...), deveria ter interrompido a emissao regular no sentido de informar e esclarecer os portugueses. A certa altura, digo a minha mae "vamos mudar para a Sky News que talvez tenhamos mais sorte..."

(Sem acentos)

(Ricardo Carvalho)

*

O Correio da Manhã parece ter sido o primeiro
a escrever sobre o assunto. 15 minutos depois.

(Luis Caetano)

*

Aparentemente, a TSF , dez minutos depois do sismo.

(RM)

*

Aquando do grande tsunami asiático de 2004, não houve português que não questionasse: «E se fosse cá? Será que estamos preparados para algo semelhante, tendo em conta que, nessa matéria, até temos várias páginas negras na nossa História?».

Claro que não faltaram, na altura, responsáveis a garantir que o assunto ia ser estudado e tratado. Por isso, e perante o sismo de hoje, suponho que não será pedir demasiado que os "estudantes e tratadores" nos dêem conta do que fizerem nos últimos dois anos.

(C. Medina Ribeiro)

*

As 10h38 envio uma mensagem a um amigo para saber se ele sentiu o mesmo que eu. Curiosamente ele estava a dormir e nada. Agora vi as noticias no seu blog e a hora indicada na TSF e outros, coincide com a minha.
Por isso, também chegou ao porto…

(Nuno Ribeiro)

*

Sem querer puxar a fita da meta, como tinha o editor do meu blogue aberto, foi em cima do acontecimento. Tenho vindo a actualizar o post inicial com informações do European-Mediterranean Seismological Centre , onde no mapa podemos verificar, entre outras curiosidades, se houve réplicas (de facto houve uma, cerca das 12H50).

(J. Espinho)

*

Creio que desde o terramoto de Lisboa em 1969 que não tinha uma sensação tão desagradável. Sentado na secretária do meu escritório, comecei a sentir o candeeiro a tremer, depois o monitor do computador e por fim o chão. Por momentos senti que o chão ia ceder. Durante longos e intermináveis segundos fiquei sem reacção, sem perceber se havia obras no rés-do-chão e a casa velha acabaria por ceder ou se era um verdadeiro sismo. Quando me consegui levantar encontrei os colegas no meio do escritório e percebi que tinha de novo viajado até ao centro da terra. Em Faro foi tremendo. O epicentro não deveria estar longe. A natureza é insondável e não há maior sensação de pequenez, impotência e inutilidade do que aquela que nos atravessa durante um tremor de terra. Só espero que agora não venha aí uma dessas almas da campanha do "Não" dizer que este foi um primeiro sinal da ira divina por causa do resultado do referendo de ontem. Num país em o clero ainda ameaça excomunhões automáticas por delito de opinião tudo é possível, até terramotos por encomenda.

(Sérgio de Almeida Correia)

*

Até agora parece que ninguém deu por isso mas aqui onde me encontro (6 Km de Aveiro) também senti o sismo. Estava calmamente a trabalhar quando o ecran do meu computador se pôs a dançar ligeiramente. Ao mesmo tempo, colegas meus que estavam em video conferência com Sevilha, embora não tivessem sentido o sismo como eu, assistiram ao mesmo através de video conferência devido às reacções dos colegas espanhóis que ficaram um pouco assustados.
Quanto a obter notícias imediatas, tive os mesmos problemas que todas as outras pessoas.

(Maria João)

*

Esta a dar uma aula quano a porta da sala começa a abanar de uma forma estranha (Os alunos começaram por dizer que alguém estava a bater à porta). Entretanto senti as mesas a abanar e mandei que todos os alunos se colocassem debaixo das mesas. Alguns segundos depois tocou a campainha e procedemos à evacuação para o exterior da Escola. Só posso dizer que foi uma sensação estranha, mas o treino de simulações foi bastante útil.

(Adelino Afonso)

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Hoje de manhã estava em casa, num r/ch em Alvalade (Lisboa), e não senti o
sismo. Ainda bem pois teria ficado muito assustada. Por curiosidade, junto o link para umas páginas de divulgação do Núcleo de Engenharia Sísmica e Dinâmica de Estruturas do LNEC:
Também sou investigadora do LNEC mas numa área bem diferente.

(Lina Nunes Sequeira)

*

A juntar aos depoimentos dos seus leitores sobre a ausência de notícias, na hora, sobre o sismo de ontem refiro um interessante dado sociológico que deixo à sua consideração. Na RTP1, o programa "Praça da Alegria" deu a notícia, quase em directo, antes mesmo de "O Abrupto" e nenhum dos seus leitores, nem mesmo o dr. Pacheco Pereira, deram pelo facto preferindo registar, por vezes com alguma arrogância, o silêncio e/ou atraso dos media relativamente a este acontecimento específico. Nesse mesmo programa "Praça da Alegria" fez-se, inclusive, uma ligação ao Instituto de Meteorologia que se revelou de muita utilidade no sentido em que desdramatizou a situação. Do meu ponto de vista, creio que mergulhar demasiado a cabeça nos blogues pode ter este efeito algo perverso.

(Luciano Gomes)

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FOI POR AQUI


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MAIS NOVAS DO SISMO

Escala de Richter

Os jornais em linha já estão a acordar.

A SICN continua como se nada houvesse. Não se justifica que as estações noticiosas que funcionam 24 horas se esqueçam que em momentos como estes as pessoas esperam notícias de imediato.

*
O site www.meteo.pt, já está em baixo a largos minutos, desde que se sentiu o terramoto...O choque tecnológico ainda aqui não chegou.

(Nuno Mendes)

*

Estava em Faro sentado à minha secretária no escritório em minha casa... foi muito breve, mas nítido. Não cheguei a ver nada a abanar, só o ruído do ranger das estantes. Levantei-me imediatamente e fui até à porta do apartamento esprando alguma réplica, mas não se sentiu mais nada.

(Jose' Farinha)

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FOI AQUI

10-degree map showing recent earthquakes

Earthquake Details
Monday, February 12, 2007 at 10:35:21 (UTC)
= Coordinated Universal Time Monday, February 12, 2007 at 10:35:21 AM
= local time at epicenter Time of Earthquake in other Time Zones Location 35.843°N, 10.289°W Depth 10 km (6.2 miles) set by location program Region AZORES-CAPE ST. VINCENT RIDGE Distances 250 km (155 miles) WSW of Faro, Portugal
335 km (210 miles) SSW of LISBON, Portugal
340 km (210 miles) WSW of Huelva, Spain
345 km (215 miles) NW of Casablanca, Morocco
Location Uncertainty horizontal +/- 5.2 km (3.2 miles); depth fixed by location program Parameters Nst=192, Nph=192, Dmin=373.9 km, Rmss=0.81 sec, Gp= 61°,
M-type=moment magnitude (Mw), Version=6 Source USGS NEIC (WDCS-D)
Event ID us2007ysam This event has been reviewed by a seismologist.

*
Um bom sítio na rede para seguir as movimentações da crusta terrestre.
Este sismo, mesmo com magnitude de 6, mas à distância a que ocorreu, não chegou a fazer cócegas ao edificado.
Se tivesse origem mais perto ou fosse mais intenso, poderia ter ocorrido uma catástrofe.
O sítio da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica faz um pouco de luz sobre esta matéria:

(Rui Gomes)

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NÃO FOI IMPRESSÃO

Map showing earthquakes



Primeiro lá fora e cá nos blogues e finalmente no IM (e os sítios noticiosos estão a dormir?): "O Instituto de Meteorologia informa que no dia 12 / 02 / 2007 pelas 10:36 (hora local) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Continente, um sismo de magnitude 6.0 (escala de Richter) e cujo epicentro se localizou a cerca de 160 km a SW de Cabo de S. Vicente. De acordo com a informação disponível, este sismo foi sentido, devendo em breve ser emitido novo comunicado com informação instrumental e macrossísmica actualizada."

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OU FOI IMPRESSÃO MINHA
http://www.blog.speculist.com/archives/earthquake.jpg
ou houve um pequeno sismo há minutos?

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Garanto que aqui, no 11º andar, também tivemos essa impressão … só que o sismo não pareceu tão pequeno. De tal modo que, nos minutos seguintes, estávamos com uma espécie de sea-sickness …

(R.)

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Sisminho. Pois houve. Vivo em Cascais e senti-o muito bem...

(M. João Afonso)

*

O que se está a passar com a internet após o sismo de há momentos deve ser um alerta para um caso de crise grave. Não só é practicamente impossível aceder a sites de media como, e registe-se, é impossível aceder a sites institucionais, como o INMG ou a Protecção Civil. Indicações de segurança, nada. Para se ter alguma informação sobre o sucedido, há que aceder a fontes como esta. Num momento em que a net é a referência em termos de informação para uma franja crescente de cidadãos, a situação é preocupante.

(Luis Reis)

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NUNCA É TARDE PARA APRENDER: OS LOUCOS QUE QUEREM SABER TUDO

http://www.beyondbooks.com/law81/images/00015895.jpgSimon Winchester, The Professor and the Madman, HarperCollins, 1998

Os autores de dicionários e enciclopédias tendem a enlouquecer com a tarefa. Esta é matéria que percebo muito bem, estando no ofício da referência. Cada entrada nova no meu dicionário-enciclopédia, a que dedico "o melhor dos meus dias", como se dizia antigamente, tem o hábito de se alargar por pelo menos mais três ou quatro entradas. Para cada entrada nova, parece haver mais dez à espreita. E quando se quer fichar tudo, registar tudo, o espaço por preencher tem tendência para aumentar à medida que campos e campos de palavras já enchem uma vastidão atrás. A regra é que atrás está sempre uma pequena vastidão e à frente uma gigantesca vastidão. Vejam lá como isto é pouco normal... Tudo isto exige um grão de loucura prévia, que tende a agravar-se.

Mas o caso do Dr. W. C. Minor, médico, militar, erudito, flautista, pintor de aguarelas e "lunático criminoso" vai um pouco mais longe. Os eruditos têm loucuras habitualmente mansas, mas o Dr. Minor estava internado perpetuamente porque um dia saiu à rua de pistola em punho e matou um desgraçado que lhe apareceu numa esquina, convencido que assim eliminava os seus "inimigos". Estes "inimigos" entravam-lhe à noite no quarto pelo soalho (mandou depois colocar um chão de zinco) ou pelos interstícios do telhado, pegavam nele e levavam-no para um qualquer bordel de Istambul, onde o obrigavam a praticar "actos imorais" com rapazes e raparigas. Noite, após noite, após noite. Já muitos anos depois de internado, o Dr. Minor resolveu castrar-se para ver se os seus "inimigos" o deixavam em paz. Não deixaram.

The image “http://www.vauxhallsociety.org.uk/Minor%20-%20OUP.jpg” cannot be displayed, because it contains errors.Pois este Dr. Minor, diagnosticado como tendo dementia praecox, agravada pelo traumatismo de ter assistido como médico militar a algumas selvajarias da Guerra Civil americana, preso num asilo inglês, durante décadas tornou-se o mais prolixo, preciso e rigoroso amador, entre os muitos que apoiavam a redacção de uma das mais gigantescas obras de erudição de sempre, o Oxford English Dictionary (OED). Durante anos, sem saber qual era a origem das ajudas preciosas que recebia - verbetes de palavras, apoiadas por citações quanto aos seus diferentes significados e primeiro uso conhecido por escrito - o outro doido, mas manso neste caso, o célebre editor do dicionário, James Murray, que se abalançou à tarefa de registar em papel uma língua, o inglês, cada vez tinha em maior consideração e utilidade as contribuições que recebia dum tal Dr. Minor que escrevia de Broadmoor. Mais tarde veio a descobrir que era um "lunático criminoso" que lhe enviava os verbetes cuidadosamente redigidos, apoiados em leituras de livros do século XVII e numa paixão pelas palavras sem paralelo. Murray encontrou em Minor alguém que percebia muito bem o objectivo do dicionário e se interessava não apenas pelos vocábulos raros e caídos em desuso, ou por regionalismos ignorados, como muito lexicógrafos amadores faziam, mas pelas palavras comuns e pelas finas gradações de significado que continham e que era suposto ficarem registadas nesse grande catálogo da língua.

Quando Murray veio a conhecer o Dr. Minor, uma história que correu mundo na época (primeira década do século XX) numa versão tablóide, tornou-se seu amigo e ajudou-o como pode a suportar melhor a sua doença e internamento. Ambos se correspondiam e durante vários anos, os contributos do Dr. Minor para o dicionário chegavam diariamente ao Scriptorium de Oxford onde uma equipa diligente ia arrumando em cacifos as muitas contribuições voluntárias que chegavam pelo correio de todo o lado. Mais de uma dezena de milhar de citações enviadas de Broadmoor pelo Dr. Minor fazem parte ainda hoje do OED .

*

O OED teve como título inicial New English Dictionary on Historical Principles, Founded Mainly on the Materials Collected by the Philological Society, edited by James A.H.Murray LL.D. Sometime President of the Philological Society, with the Assistance of Many Scholars and Men of Science. Por aqui se vê o papel colectivo de muitas pessoas que voluntariamente contribuíram para o dicionário num processo que tem parecenças com a Wikipedia. A diferença essencial não estava na colaboração voluntária, mas na selecção e edição pela equipa de Murray e pelos lexicógrafos que trabalhavam no Scriptorium, dos materiais que recebiam. Estes eram cuidadosamente verificados através de uma hierarquia de responsáveis até chegar ao grupo final que redigia as entradas.

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http://www.whileseated.org/photo/img/sf/IMG_1290.jpg

O livro de Simon Winchester faz também referência ao OED enquanto obra maior da história da tipografia.

*
Pois é... este livro é muito interessante. Por várias razões, aliás, sendo que a que mais me fascinou quando o li a paciência necessária para o monumental trabalho que foi desenvolvido quer na pesquisa quer na acreditação do vocabulário sicronica e diacronicamente. É um tipo de paciência que hoje já não temos: fazemos a busca na Net e não precisamos de esperar muito. Mas é pena. Porque era a paciência das grandes obras, trabalhadas ao pormenor... E ainda hoje o OED é uma fonte de referência insubstituível para quem trabalha com o inglês.

(M. João Afonso)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 12 de Fevereiro de 2007


[publico2007.JPG]The image “http://dn.sapo.pt//2007/02/12//capa.gif” cannot be displayed, because it contains errors.

Mais uma capa soberba do Diário de Notícias. E, ainda só vi em linha, mas o grafismo do novo Público parece-me muito, muito bom.
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http://www.agoravox.fr/IMG/CharlieHebdonunef.jpgNa próxima quinta feira, dia 15, em Paris, será lida a sentença do julgamento de Phillipe Val, director do semanário humorístico Charlie Hebdo, acusado por organizações islâmicas francesas de racismo e injúria à religião porque o jornal publicou, no ano passado, algumas das caricaturas dinamarquesas de Maomé.

O Charlie Hebdo, nascido do Hara Kiri onde tantas vezes Wollinsky e Reiser nos fizeram rir com os seus desenhos a gozar com tudo e todos, não deixou passar mais uma ocasião de voltar a gozar, agora com a fúria islâmica àquilo que para nós, ocidentais, é do mais sagrado que há - escrever, desenhar, rir, sobre que nos apetecer.

Desde o 11 de Setembro que Philippe Val tem tido sempre uma postura firme e corajosa contra a "onda" politicamente correcta e revoltante que percorre a Europa, de desculpabilização dos actos terroristas perpetrados por islamitas radicais e de culpabilização do "Ocidente" e, sobretudo, da América, pela "raiva legítima" que levará a tais actos. Sempre se insurgiu contra a "esquerdalhada" que anda de braço dado com os seguidores da ideologia mais bárbara e reaccionária que hoje (como ontem, quando se davam tão bem com os nazis) que grassa pelo mundo. O seu julgamento é também o julgamento da nossa liberdade e civilização. Espero que a barbárie não vença!

(I. Barata Silvério)

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EARLY MORNING BLOGS

966 - The Leaves like Women interchange

The Leaves like Women interchange
Exclusive Confidence -
Somewhat of nods and somewhat
Portentous inference.

The Parties in both cases
Enjoining secrecy --
Inviolable compact
To notoriety.

(Emily Dickinson)

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Sim, bom dia!

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ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

Zermatt, no dia 6 de Fevereiro.

(Hugo F. Santos Azinheira)

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11.2.07


PORQUE É QUE A PROPOSTA DE "CRIME SEM PENA" PREJUDICOU O "NÃO"

Porque acentua o "crime" no acto do aborto, e acentua-o ainda mais porque o trata como acto subjectivo, de culpa, da mulher.

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PATETICES

Aqueles que começam o discurso dizendo: "a maioria do povo português não acha necessária alterar a lei..."

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BOM SENSO

Os partidários do "sim" foram para casa. Acabaram os festejos e bem.

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MAIS PATETICES

O clima de ajuste de contas e de negação ressentida da realidade em muitos blogues. É nestas alturas que se percebe que o ácido na blogosfera é péssimo para discussões como a do referendo. E o tribalismo também. Parecem claques.

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DOS LEITORES

Acho curiosos alguns extremos regionalistas:

Sim -

83,90% Beja,
82,00% Setúbal,
78,39%, Évora,

Não -

Açores - 69,04%
Madeira - 65,44%
Vila Real - 62,86%


O Sim é mais aceite no Sul e menos aceite no Norte e nas ilhas.
Sociologicamente será interessante estudar as razões.

Algumas diferenças significativas de opinião significativas:

o sim aumentou de maneira particular aqui:

Braga - de 22,60% (1998) para 41,20% (2007) e demograficamente, Braga é significativo.
Bragança - de 22, 65 %(1998) para 41,00% (2007).

(Ricardo Vilhena)

*

Seguindo o mesmo raciocínio do leitor Ricardo Vilhena, os resultados do referendo fornecem muito material de estudo. A assimetria Norte-Ilhas vs Sul salta à vista, mas não só. Vale a pena dar mais atenção aos resultados noutros distritos, nomeadamente no do Porto.

Analisando os dados disponíveis, constata-se que apenas o Porto e os seus concelhos limítrofes, à excepção de Valongo e Vila do Conde, votaram maioritariamente 'Sim'. Todos os restantes 11 votaram 'Não', e em alguns casos com expressão bastante significativa. Ou seja: os concelhos plenamente urbanizados, ou próximos disso, foram favoráveis à alteração da lei, enquanto que os rurais e urbano-rurais foram contrários.

O país pode ser pequeno, mas é bastante diverso...

(Artur Vieira)

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PATETICE

"Venceu a cultura da morte! 11 de Setembro, 11 de Março, 11 de Fevereiro. Datas manchadas pela morte!"

Esta frase num blogue do "não"

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: BOA PERGUNTA

Já repararam que ninguém fala do poço-sem-fundo onde caíram todos os estudos já feitos para a introdução, em Portugal, do VOTO ELECTRÓNICO - essa arma tão eficaz no combate à abstenção e em uso em tantos países do mundo?

C. Medina Ribeiro

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PONTO SEM RETORNO

Quem já está a falar de um novo referendo (com o objectivo de ganhar o "não") não percebeu nada do que está a acontecer. No caso do aborto, como no divórcio, não há retorno. É uma mudança com uma forte componente societal, mais do que um resultado de um opinião circunstancialmente maioritária ou de um confronto político.

*

Sem retorno? As mulheres que nos anos 70 andavam de mini saia em Kabul sabem tudo sobre esses "sem retorno". Nada é sem retorno...

J.

*


Sobre o "retorno": na civilização Ocidental esses retornos não existem. É uma das diferenças. Não é por acaso que o exemplo escolhido vem de Kabul.

RM

*

Após a II Guerra mundial era impensável que voltasse à Europa um genocídio (Guerra dos Balcãs). Após Darwin era impensável que a teoria do criacionismo renascesse (Desenho inteligente). Após a proibição de Touradas de morte em Portugal, tal seria irreversível (Barrancos).

Miguel

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RAZOÁVEL E MODERADA

a intervenção do Primeiro-ministro.

*

Atitude inteligente esta de José Sócrates de não festejar discursivamente a
vitória do Sim e de “fazer uma festa” na cabeça dos movimentos pelo não, ao
abrir espaço para uma reflexão.

Miguel Jerónimo

*

A intervenção do Primeiro-Ministro é muito típica dele: repete sempre o mesmo discurso, serena e pausadamente: "Até às 10 semanas. A pedido da mulher. Em estabelecimento autorizado." Repetiu duas vezes em dois momentos diferentes, sem sair da linha. Tudo treinado, sem deslizes. Perfeito. "Festejar discursivamente" não faz parte das técnicas do Primeiro Ministro.

RM

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PORQUE É QUE OS PARTIDOS

que não tomaram posição como o PSD, entendem vir agora fazer declarações formais, ainda por cima na base da posição individual, presume-se de Marques Mendes ? Masoquismo.

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QUE LOUÇÃ FAÇA O QUE FAZ

tentar arrecadar uns votinhos, entende-se. Mas desiluda-se, não há votinhos para os partidos nos sins do referendo.

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PARA QUEM ESTÁ "EM CIMA DOS ACONTECIMENTOS"

a falta dos Frescos é enorme. A sua "substituição" é uma lástima, não serve para nada.

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O QUE TAMBÉM NÃO TEM SENTIDO

é desvalorizar o resultado do referendo.

Não há só "mau ganhar" há também "mau perder".

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© José Pacheco Pereira
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